Chove torrencialmente em Bissau. A primeira chuva entra pelo tecto do quarto e molha-me o colchão, mais uma vez. Mesmo assim, porque estamos acostumados, ouvindo o discurso do novo PM em acto de posse, reflicto…!
Tínhamos um PR, uma ANP e um PM, todos do PAIGC. Tudo CONSTITUCIONAL, LEGAL E SOBERANO: ‟Mon na Lama” e ‟Terra Ranka”!
Perante as evidências, contivemos a impaciência, perante mais uma guerra aberta, do salve-se quem "poder", porque, essa guerra, NÃO ERA A NOSSA.
Aqui e hoje, deixo claro que, sendo o PUSD partido sem representação parlamentar, recusamos deitar mais lenha na fogueira e manifestamos, nesta crise e a quem de direito, o nosso compromisso, voluntarismo e disponibilidade, para trabalhar numa SOLUÇÃO SUSTENTÁVEL E DURADOURA para a Guiné-Bissau, o nosso país. Algo claro e em jeito de PACTO NACIONAL.
Todavia, nas reviravoltas, nesta NOVA ÉPOCA, sabemos que toda a anterior história de INCLUSÃO E ESTABILIDADE começou a desmoronar-se com as denúncias públicas de actos de suspeição de corrupção/não transparência/impunidade, versus a luta pelo controlo do dito Estado e dos seus recursos. Este o CENÁRIO DÉMODÉ que, em tempos, nos levou a uma GUERRA CITADINA e ao qual, neste séc. XXI, se acrescenta: os interesses políticos, os financeiros, os partidários, os do sistema e do status quo, os dos clãs, os de parentesco, os de identidade étnica e religiosa e, ainda, os dos capangas contratados (Atenção: nem tudo o que parece é. Particularmente nas personagens deste Facebook, outras redes sociais e blogues). Temos assistido a isto, SEMPRE. Tudo versus o INTERESSE NACIONAL.
Entretanto, nesta DEMOCRACIA do hoje, saiu-nos o seguinte:
1) Um PR com ficha de indiciação criminal, limpa pelo PAIGC;
2) Um PR que publicamente indicia a existência corrupção ao alto nível e em dois poderes do Estado, o judicial e o governativo, com indiciação criminal e pública de membros do Governo, alguns com processos anteriormente pendentes;
3) A mistificação total do Estado: IRÃS E MOUROS (Perguntem-me!);
4) O pedido pelo Governo de DEBATE SOBRE A JUSTIÇA, imediatamente cancelado;
5) A demissão pelo PR do IX Governo Constitucional (argumento principal: CORRUPÇÃO);
6) A incessante GUERRA INTERNA NO PAIGC (a cúpula, o PR e suas alianças, os 15, os Combatentes da Liberdade da Pátria, e mais facções, nomeadamente de Cacheu) e a PGR como arma de arremesso;
7) Apesar de uma NOVA MAIORIA PARLAMENTAR, inviabilizaram os trabalhos na ANP, e agora barricam-se nos seus Gabinetes.
8) A JUDICIALIZAÇÃO DA VIDA POLÍTICA, com providências judiciais, sentenças e acórdãos;
9) Uma sintomática BIPOLARIZAÇÃO POLÍTICA, enquanto os mini-partidos, com representação ou sem representação, num Deus nos acuda de posicionamentos (alguns suspeitos) das suas ditas lideranças, para todos assistirmos e ouvirmos: ora com o PAIGC, ora com PR, ora com os 15 e ora com eles próprios – se atentos verificamos isso e, como sempre, sobra algo para eles nos habituais períodos de excepção constitucional e, naturalmente o RABA-RABATA;
10) A sociedade civil ‟independente”, no descalabro, a nadar nestas ondas de sobrevivência;
11) A adaptação informal da Constituição da República aos interesses partidários e em vozes sonantes, para dizer que o outro não cumpre e, então, não cumprirmos;
12) O desespero registável da 2.ª força partidária (Com que linhas tecer? Mindjor na és!);
13) Numa mesma legislatura, a nomeação do 3.º Vice do bendito PAIGC, de novo e em retorno, como o 4.º PM da legislatura, o tal expulso/não expulsado do seu partido, que dizem sem perfil, sem competência, sem capacidade e, claro, sem saber se conseguirá o necessário sustentáculo partidário (Veremos!).
Nesta sexta-feira, nas minhas reflexões, chego ao N.º 13 que pode ser AZAR (6.ª 13), mas há quem o veja como SORTE. Que seja bom presságio!
Bom, não obstante a tiragem da sorte, uma evidência do relato é que NESTAS COISAS NINGUÉM GANHA. Enganados estão os principais autores do puzzle, que têm filhos e talvez netos. QUEM PERDE É POVO E A GUINÉ-BISSAU: NÓS, a maioria, onde os tais amanhã estarão incluídos. NÓS que aguardamos, sem equipas de facto, levados ao ostracismo, alguns com sapiência e conhecedores das histórias. Pois, no prejuízo da crise, tudo vimos e sabemos. Só nos falta enterrar os vivos!
Questionamos: Quem nos acudirá? Já que somos incapazes, com provas dadas de incapacidade perante a comunidade internacional, a sub-região e os nossos parceiros, todos eles desalentados por NÓS.
Que exasperação perante a história e percurso recente deste PAIGC, que não deixa de ser NOSSO LIBERTADOR!
Com alguma propriedade (filha da Guiné) que aos outros e muitos também assiste, para os 36 mil e poucos km² e a nossa pouca população, lanço o CONCURSO REVOLUCIONÁRIO:
PRECISA-SE DE RESERVA MORAL: 13 patriotas, idóneos/as, com visão de desenvolvimento, conhecedores da nossa realidade, capazes e competentes na sua área, dispostos e disponíveis para se juntarem em prol do bem-comum, sem pejo pelo poder, que queiram trabalhar e muito para o bem comum, SACRIFICANDO-SE, contra o sistema e o status quo e nos termos do art.º 2, n.º 2 da Constituição da República (‟ O povo exerce o poder político DIRECTAMENTE ou através …”). O desafio: REFORMULAÇÃO DO ESTADO. Senão, vamos ter que SALDAR o nosso país!
E, para concluir, em DEMOCRACIA, que ninguém se atreva a dar mais um único tiro, qualquer que seja a razão, no TCHON DI CABRAL.
A Presidente,
Carmelita Pires
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